terça-feira, 13 de setembro de 2016

Linha dura, Argel Fucks comunica mudanças na Toca e avisa: 'A porta da rua é a serventia da casa'

Técnico comentou sobre indisciplina de Victor Ramos e prometeu que vai conversar com atleta

Militar, xerife, linha dura. Pode chamar como quiser. O fato é que o Vitória mudou radicalmente o seu perfil de treinador. Ontem, Argel Fucks foi anunciado como substituto de Vagner Mancini, demitido após a derrota para o Flamengo, e já avisou: as coisas na Toca do Leão vão mudar. 
Famoso por salvar times de situações difíceis, Argel chega com duas ideias fixas em mente: evitar o rebaixamento do Vitória e manter elenco na corda curta. “É momento de renúncia. De renunciar tudo. A instituição Vitória está em primeiro lugar. Causa nobre é a permanência na Série A. Tudo que puder fazer, vamos fazer”, dita Fucks, que já começou a ditar novas regras.
Algel Fucks é apresentado (Foto: Francisco Galvão/Divulgação/EC Vitória)
“Vamos concentrar antes dos jogos. Sei que é chato. Fui jogador 18 anos e sei como é, mas é momento de se doar. Vamos concentrar um dia antes. É o mínimo. Pelo momento, é importante ter comprometimento, trocar ideias na hora do lanche, combinar jogadas. É o momento de sacrifício”, avisa o técnico. Nas rodadas passadas, o clube não adotava mais a prática.
As mudanças não param por aí. Segundo o treinador, quem andar fora da linha vai ser chamado e terá que decidir: ou entra na briga ou vai embora. O primeiro a levar um puxão de orelha daqueles vai ser o zagueiro Victor Ramos, que após ir a uma festa em São Paulo não compareceu ao treino de segunda-feira e não avisou o  motivo da ausência. Ele foi suspenso por sete dias e é aguardado pelo treinador para uma conversa de homem pra homem.
“Gosto do Victor Ramos, mas quero um jogador comprometido. A falta dele foi grave. A primeira obrigação do jogador é com o clube. Ele vive do futebol, tem que ter comprometimento. Esse tipo de comportamento não será aceito”, comunica Argel.
“Quero comportamento de atleta profissional. Na folga, não me interessa o que fez. Mas quando não chega no treino ou na concentração, é falta grave. Vamos nos reunir na diretoria com Victor e ver o nível de profissionalismo. A partir desse momento, se tiver com a cabeça no lugar, vamos dar uma segunda chance. Se não estiver com a cabeça no Vitória, a porta da rua é serventia da casa”, completa o novo técnico.
Ex-zagueiro e com 18 anos de experiência dentro de campo, Argel sabe que, tão importante quando dar um puxão de orelha, é colocar a moral do jogador para cima. E é exatamente isso que ele tem em mente para dar um novo ânimo aos jogadores que não estiverem motivados. 
“Temos que buscar o equilíbrio. A partir do momento que tem um dos melhores ataques, não pode ter uma das piores defesas. Temos que buscar o equilíbrio nos setores, ataque, meio-campo e defesa. O Vitória faz grandes primeiros tempos. Aí depois que toma o gol, cai de produção. Passa pelo psicológico. Por isso estamos aqui. Vamos dar essa confiança, elevar a autoestima do atleta. Ninguém desaprende a jogar. Para eles será muito ruim se acabar o ano e cairmos para a Série B. O jogador fica marcado. Eu nunca caí. Salvei três ou quatro equipes. Esse é meu desafio”, avisa.
Foto: Francisco Galvão/Divulgação/EC Vitória
A situação do Vitória não é fácil. É 18º na tabela, tem a terceira pior defesa e sofreu gol em 22 dos 24 jogos que disputou. Nada que assuste Argel, que já livrou Botafogo-SP e Portuguesa do rebaixamento no Campeonato Paulista, além de Criciúma, em 2013, e Figueirense, em 2014, do rebaixamento no Brasileiro. 
“Temos 80 dias para buscar uma recuperação. É possível. Se não fosse, eu nem estaria aqui. Acredito no desafio. O jogador tem que produzir, queremos jogadores comprometidos. Se algum não estiver, faz parte, vamos tirar. Futebol é assim. Temos 14 jogos e precisamos de seis vitória, independente de empates. Com 44 pontos, tem 90% de chance de permanecer”, analisa o treinador. De acordo com os matemáticos da UFMG, é mais garantido com 46 pontos: 7% de chance de cair.
Além de experiência e confiança no trabalho que desenvolve, Argel conta com um ingrediente extra: fé. O gaúcho de 42 anos tem terços tatuados nos dois pulsos. Em um dos raros momentos em que não franziu a testa nem mostrou sangue no olho, o técnico admitiu: “É o que me guia. Sou católico praticante”, disse, com um sorriso sereno ao fim da entrevista coletiva. 
Argel só terá dois dias de trabalho antes de estrear. O primeiro desafio será amanhã, às 21h, no Beira-Rio, contra o Internacional, clube que o revelou como atleta e que Argel treinou de agosto de 2015 até julho deste ano.
Correio 24 Horas

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